“A Banhos ou seus remédios”: As monjas do Mosteiro de Santa Maria de Almoster | Arquivo Distrital de Santarém
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1 de Agosto de 2023

“A Banhos ou seus remédios”: As monjas do Mosteiro de Santa Maria de Almoster

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1813-1827

Livro aonde se assentam os Breves das Religiosas que saiem a banhos ou seus remédios com o dia de sua saída e entrada feito no triénio do Nosso Ilustríssimo Padre Mestre Frei Fernando [Pimentel] em visita no ano de 1812.

PT/ADSTR/MON/MSMAL/005/0003 – Arquivo Distrital de Santarém, Mosteiro de Santa Maria de Almoster, Licenças para entrada e saída de clausura, ui 003 (em organização)

O hábito de ir à praia como recomendação médica terá começado em Inglaterra em meados do séc. XVIII. Para tal muito contribuiu o sucesso da publicação, do médico inglês, Richard Russell, De Tabe Glandulari (1750), onde relata as suas experiências no tratamento de algumas doenças com água do mar. Já existiam outros trabalhos sobre banhos terapêuticos nomeadamente em estâncias termais, mas os estudos de Russell foram considerados precursores no âmbito da hidroterapia marítima. A obra foi traduzida para inglês e teve sucessivas reedições promovendo a difusão desta prática.

Acreditava-se então que os progressos da civilização, o desenvolvimento da industrialização e o crescimento desmedido das cidades eram em parte responsáveis pela debilitação física dos seres humanos. Havia também uma grande preocupação com certas perturbações do foro psíquico, como a melancolia, a ansiedade, a histeria e a delicadeza excessiva, sobretudo entre as mulheres e as crianças. Para combater estes males, os médicos começaram por recomendar banhos terapêuticos em estâncias termais, mais tarde, descobriram os benefícios médico-terapêuticos do banho frio de mar. A natureza selvagem do mar, o ar vigoroso e a vastidão do espaço, eram tidos como essenciais para fortificar o corpo e revitalizar o espírito.

Não se sabe exactamente quando esta prática terá sido introduzida, em Portugal, mas Joana Freitas, na sua tese O litoral português na época contemporânea […], apresenta algumas provas de que, de forma ainda circunscrita e pouco difundida, esta já se verificava no nosso país, em finais do século XVIII.

O documento que agora se divulga ilustra a aplicação desta terapia a um grupo específico, o das monjas cisterciences de Almoster e seculares nele recolhidas.

Os primeiros registos do livro, que se referem a licenças para sair de clausura entre 1807 e 1818, referem-se a banhos não especificados ou a banhos termais, mas a partir de 1818 passam a referir-se também “banhos de rio” e “banhos de mar”.

O fundo do Mosteiro de Almoster inclui ainda, a este respeito, um maço de pedidos de licenças para saída de clausura, algumas acompanhadas do atestado médico, complementadas com o despacho (1781-1876). As licenças eram geralmente concedidas por 1 a 6 meses, do mês de junho em diante. Quanto a estâncias termais é frequentemente referida a das Caldas da Rainha, mas o local dos banhos de mar é em geral omisso com exceção de um atestado de 1843 que refere “o uzo de Banhos de Mar da Pederneira”.

Referências:

FREITAS, Joana Isabel Ricardo Gaspar de – O litoral português na época contemporânea: representações, práticas e consequências. Os casos de Espinho e do Algarve (c. 1851 a c. de 1990) [em linha] . Lisboa: Faculdade de Letras, 2010 . 421 p. Tese de Doutoramento em História Contemporânea [Consult. 31 jul. 2023] Disponível em WWW:<URL:http://hdl.handle.net/10451/3004>

LOPES, Marcus – Hábito de ir à praia surgiu como recomendação médica. [S. Paulo, Brasil]:UOL, 02 jun. 2019 [Consult. 31 jul. 2023] Disponível em WWW:(URL:<https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/almanaque/quando-as-pessoas-comecaram-a-frequentar-a-praia.phtml>)

SANTOS, Lina – Ir à praia: como tudo começou. [Lisboa]:Diário de notícias, 31 jul. 2016 [Consult. 31 jul. 2023] Disponível em WWW:(URL:<https://www.dn.pt/sociedade/ir-a-praia-como-tudo-comecou-5314350.html>)

SOARES, Manuela Goucha – As praias de antigamente. [Lisboa]: Expresso, 2019 [Consult. 31 jul. 2023] Disponível em WWW:(URL:<https://multimedia.expresso.pt/praias/>)

 

Esta notícia foi publicada em 1 de Agosto de 2023 e foi arquivada em: Documento em Destaque.