DIA NACIONAL DAS BANDAS FILARMÓNICAS: A Primeira Filarmónica da Chamusca (1853) | Arquivo Distrital de Santarém
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1 de Setembro de 2024

DIA NACIONAL DAS BANDAS FILARMÓNICAS: A Primeira Filarmónica da Chamusca (1853)

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1853-08-30, Chamusca

Escritura de obrigação recíproca e contrato mútuo que fizeram Pedro de Castro, como Mestre da Filarmónica com os seus discípulos futuros.

PT/ADSTR/NOT/03CNCHM01/001/0009 – 3.º Cartório Notarial da Chamusca, tab. João Lourenço Justiniano de Carvalho, liv.09, f.48v e seg.

 

 

1. DIA NACIONAL DAS BANDAS FILARMÓNICAS (1.º DE SETEMBRO)

“Banda Filarmónica”, por vezes apenas “Banda de Música”, “Banda Civil”, “Filarmónica” ou só “Música”, é a designação dada a uma Orquestra de Sopros e Percussão de estrutura amadora que se alicerça numa comunidade. A nível social, estas instituições musicais são geralmente organizadas e administradas com base no modelo das Sociedades Filarmónicas criado no século XIX. A maior parte das vezes estas estruturas têm uma Escola de Música que alimenta a Banda, têm um maestro que por vezes acumula o papel de coordenador da Escola e uma direção administrativa responsável por aspetos mais logísticos e de produção, como organizar concertos, assinar contratos para atuações, cuidar da vida financeira da sociedade, do marketing, etc. Em algumas destas coletividades a música não é a única atividade oferecida à comunidade. […]

Em Portugal este é um fenómeno de âmbito nacional, presente tanto nas zonas rurais como urbanas, que se desenvolveu rapidamente com os ideais liberais pós-Revolução Francesa, sobretudo após a criação da Sociedade Filarmónica de Concertos de Lisboa, em 1822. Apesar de alguns períodos de crise, sempre foi um dos mais importantes suportes musicais, tanto pela sua versatilidade performativa como pela sua capacidade de socialização e representação social.[1]

A Resolução n.º 56/2013, de 14 de agosto, por iniciativa do então Secretário de Estado da Cultura, em reconhecimento da importância do trabalho desenvolvido pelas Bandas Filarmónicas em prol das comunidades e da formação musical, e em homenagem à sua história, instituiu o dia 1 de setembro como o Dia Nacional das Bandas Filarmónicas.

Comemorando essa efeméride destacamos o documento fundacional da primeira Filarmónica da Chamusca.

Em documento anexo apresentamos o elenco das escrituras notariais relativos à(s) Filarmónica(s) da Chamusca juntamente com uma breve análise das mesmas enquadrada em termos gerais na história da génese das bandas musicais e na da Chamusca em particular.

A(S) FILARMÓNICA(S) DA CHAMUSCA (1853-1898)

 

 

2. A PRIMEIRA FILÁRMÓNICA DA CHAMUSCA

Fonseca[2] refere que a primeira referência a uma Filarmónica da vila da Chamusca surge mencionada na ata da sessão extraordinária da Câmara Municipal da Chamusca, de 16 de setembro de 1855.

Assinalando o começo do reinado de D. Pedro V, decidiu a edilidade, entre outras manifestações de regozijo, convidar “os membros da filarmónica a percorrer as ruas celebrando com sons harmoniosos as noites de tanto regozijo, e que sendo chamados a esta os membros, que aí não estavam, compareceram, e se prestaram de bom grado a este convite.”

A Filarmónica foi então criada em agosto de 1853, quando um grupo de vinte e três chamusquenses, de onde se destacam nomes como o padre António Maria da Trindade, Bartolomeu Freire Gameiro, o tabelião João Lourenço Justiniano de Carvalho e os irmãos Fernandes Orvalho, “tendo todos o desejo de aprender música”, no meio de grande entusiasmo[3], formaram uma sociedade filarmónica.

O contrato estipulava que o mestre devia ensiná-los durante um ano, dar-lhes, pelo menos, cinco ensaios por semana com a duração de duas horas cada providenciando-lhes as peças para tocarem e uma missa. Cada um dos discípulos devia pagar quatrocentos réis ao mestre que também receberia pelo menos cinco moedas de ouro por cada festa a que fosse a filarmónica.

O mestre era Pedro Duarte de Castro, morador na Chamusca, cunhado do sócio, Joaquim Máximo Nogueira.

A 7 de novembro de 1854 a sociedade fez nova escritura de obrigação recíproca com fiança de alguns sócios.

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[1] BANDAS FILARMÓNICAS: 200 ANOS DE MÚSICA EM COMUNIDADE. Casa da Música, 26 de fevereiro, 2024 [Consult. 01 ago. 2024]. Disponível em WWW:<URL: https://casadamusica.com/2024/02/26/bandas-filarmonicas-200-anos-de-musica-em-comunidade/ >

[2] Cf. FONSECA, João José Samouco da – História da Chamusca, vol. II. Chamusca: A Persistente, 2002. p. 232

[3] A escritura parece algo desorganizada, como se tivesse sido feita nas notas sem prévio borrão. São referidos sócios que depois se negam, cláusulas que acabam por não ser aceites, etc.

 

Esta notícia foi publicada em 1 de Setembro de 2024 e foi arquivada em: Documento em Destaque.