10 de Novembro de 2022
Centenário do nascimento de José Saramago
20 dezembro 1922, Conservatória do Registo Civil de Golegã
Registo n.º132 – José de Sousa Saramago, nascido a 18 de novembro de 1911, em Azinhaga, filho de José de Sousa Saramago e de Maria da Piedade, naturais de Azinhaga.
PT/ADSTR/ACD/CRCGLA/008 – Portugal, Arquivo Distrital de Santarém, Extrato de registo de nascimentos, 1922 (documentação não descrita)
Para assinalar os 100 anos do nascimento de José Saramago divulgamos o extrato do seu registo de nascimento, constante do acervo do Arquivo Distrital de Santarém.
Reproduzimos aqui o primeiro parágrafo da sua autobiografia:
“Nasci numa família de camponeses sem terra, em Azinhaga, uma pequena povoação situada na província do Ribatejo, na margem direita do rio Almonda, a uns cem quilómetros a nordeste de Lisboa. Meus pais chamavam-se José de Sousa e Maria da Piedade. José de Sousa teria sido também o meu nome se o funcionário do Registo Civil, por sua própria iniciativa, não lhe tivesse acrescentado a alcunha por que a família de meu pai era conhecida na aldeia: Saramago. (Cabe esclarecer que saramago é uma planta herbácea espontânea, cujas folhas, naqueles tempos, em épocas de carência, serviam como alimento na cozinha dos pobres). Só aos sete anos, quando tive de apresentar na escola primária um documento de identificação, é que se veio a saber que o meu nome completo era José de Sousa Saramago… Não foi este, porém, o único problema de identidade com que fui fadado no berço. Embora tivesse vindo ao mundo no dia 16 de Novembro de 1922, os meus documentos oficiais referem que nasci dois dias depois, a 18: foi graças a esta pequena fraude que a família escapou ao pagamento da multa por falta de declaração do nascimento no prazo legal.”
José Saramago nasceu em 1922, em Azinhaga, concelho de Golegã e faleceu em 2010 em Tias, ilha de Lanzarote, nas Ilhas Canárias, onde vivia com sua esposa Pilar del Rio desde 1993.
Foi operário, funcionário público, escritor, ensaísta, tradutor, crítico literário e jornalista.
Era militante do Partido Comunista Português, desde 1969. Foi candidato, na lista da coligação “Por Lisboa”, às autárquicas de 1989, sendo eleito presidente da Assembleia Municipal de Lisboa, cargo que exerceu de janeiro a abril de 1990, data em que renunciou, tendo sido substituído por João Amaral. De 1987 a 2009 integrou, em lugares não elegíveis, as listas da CDU para deputado do Parlamento Europeu.
Foi autor de mais de 40 títulos traduzidos em mais de 30 idiomas de que se destacam, para além de peças de teatro, livros de crónicas e de viagens e diário, os romances: Levantado do Chão (1980); Memorial do Convento 3 (1982); O Ano da Morte de Ricardo Reis (1984); A Jangada de Pedra (1986); História do Cerco de Lisboa (1989); O Evangelho segundo Jesus Cristo (1991); Ensaio sobre a Cegueira (1995); Todos os Nomes (1997); A Caverna (2000); O Homem Duplicado (2002); Ensaio sobre a Lucidez (2004); As Intermitências da Morte (2005); A Viagem do Elefante (2008) e Caim (2009).
As obras literárias de José Saramago são realistas, apresentam temática social, crítica política e religiosa, elementos do realismo fantástico e a defesa do protagonismo humano como solução para os problemas sociais.
O estilo de escrita de José Saramago, ou o seu modo de narrar, dito “oral, coevo dos contos de tradição oral populares” nasceu com o romance Levantado do Chão, publicado em 1980. Caracteriza-se pela utilização de frases e períodos compridos e diálogos inseridos nos próprios parágrafos sem que haja distinção, por meio da pontuação, entre o discurso do narrador e o discurso direto das personagens.
Os seus livros inspiraram peças de teatro, óperas, como Blimunda e Divara do compositor italiano Azio Corghi e filmes como Ensaio Sobre a Cegueira, do realizador brasileiro Fernando Meireles e O Homem Duplicado, de Denis Villeneuve.
Em 1995 recebeu o Prémio Camões e em 1998 o Prémio Nobel de Literatura, o primeiro atribuído a um autor de língua portuguesa.
Recebeu as condecorações de Comendador da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada (Portugal), 1985, Cavaleiro da Ordem das Artes e das Letras Francesas (França), 1991, Grande Colar da Grã-Cruz Ordem de Sant’Iago e Espada, 1998, e a título póstumo, o Grande Colar da Ordem de Camões, 2021.
Em 2007, constituiu, em Lisboa, a Fundação com o seu nome tendo como principais objetivos a defesa e divulgação da literatura contemporânea, a defesa e exigência de cumprimento da Carta dos Direitos Humanos e os cuidados com o meio ambiente.
Referências:
ASSEMBLEIA MUNICIPAL DE LISBOA – Evocação dos ex-Presidentes da AML já falecidos [em linha] [Consult. 07 nov. 2022] Disponível em WWW: <URL: https://www.am-lisboa.pt/documentos/1516806016B4bPA8vs5Tm96TQ3.pdf> 100ª Reunião 29 de Março 2016 – Sessão extraordinária comemorativa dos 40 anos da aprovação da Constituição da República Portuguesa
FUNDAÇÃO JOSÉ SARAMAGO, 2022 – José Saramago: biografia [Consult. 07 nov. 2022] Disponível em WWW: <URL:https://www.josesaramago.org/biografia/>
GUIMARÃES, Leandro – José Saramago [Consult. 10 nov. 2022] Disponível em WWW: <URL: https://mundoeducacao.uol.com.br/literatura/jose-saramago.htm>
José Saramago, 2020. In WIKIPÉDIA: a enciclopédia livre. Wikimedia, 2006. [Consult. 07 nov. 2022] Disponível em WWW: <URL: https://pt.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_Saramago>
PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA PORTUGUESA, 2011 – Entidades Nacionais Agraciadas com Ordens Portuguesas [Em linha]. Resultado da busca de “José de Sousa Saramago”. Consult. em 10 nov. 2022. Disponível em www: <URL:http://www.ordens.presidencia.pt/?idc=153>