INDÚSTRIAS E INDUSTRIAIS – 2. Fábrica de papel de Domingos Ardisson e C.ª (Torres Novas) | Arquivo Distrital de Santarém
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29 de Junho de 2022

INDÚSTRIAS E INDUSTRIAIS – 2. Fábrica de papel de Domingos Ardisson e C.ª (Torres Novas)

PT/ADSTR/NOT/02CNTNV/001/0208 (f.39)

PT/ADSTR/NOT/02CNTNV/001/0208 (f.39v.)

1824-10-24, Torres Novas

Contrato de empreitada estabelecido entre Francisco Lopes Marques e António José Cortez, mestres de obras, e Domingos Ardisson representado por Jerónimo Herculano, seu procurador, para edificação de uma fábrica de papel sendo uma das testemunhas Manuel António Pinheiro, mestre de engenhos de fábrica, assistente em Alenquer.

PT/ADSTR/NOT/02CNTNV/001/0208 – Cartório Notarial de Torres Novas – 2.º Ofício, livro 23 do tabelião Diogo Rafael Correia Pimenta, n.º ord.449, fl.39 e 39v.

De acordo com Canais Rocha, o início de laboração desta fábrica, que se diz ser 1818, conforme se declara no inquérito industrial de 1881, dado não confirmado, marca o início da 2.ª tentativa de industrialização no concelho de Torres Novas.

Em 1824, depois do aforamento perpétuo de um terreno montanhoso e inculto no lugar de Almonda ou Moinho da Fonte que compreendia um lagar abatido e um moinho arruinado e metade de uma nascente de água pertencente ao vínculo instituído por Diogo Pimenta, de que era administrador António Barreto de Almada Meireles de São Paio, Cavaleiro da Ordem de Cristo e Familiar do Santo Ofício, Domingos Ardisson, negociante da cidade de Lisboa, pouco depois associado a seu irmão Bento Ardisson contrata os mestres de obras Francisco Lopes Marques e António José Cortez para a edificação de uma fábrica de papel.

A este sucedem-se outros contratos e ajustes de obras. Não se sabe exatamente em que data ficou concluída, mas crê-se que em 1827/28 já estaria a funcionar para o que contou com mão de obra especializada nacional, proveniente das fábricas de papel já existentes, como as da Lousã e de Alenquer bem como estrangeira, nomeadamente genoveses, como os Gambino.

Em 1872 a fábrica foi comprada por Feliciano Gabriel de Freitas que se associa a seu tio António Augusto Gonçalves (sociedade Freitas & Gonçalves) denominando-a “Renova”.

Em 1881 (inquérito industrial) a fábrica empregava 24 homens, 40 mulheres e 20 rapazes, Dimensão reduzida se comparada com a Fábrica do Prado de Tomar ou Louzã.

Um incêndio no início do séc.XX destruiu a fábrica e apesar das várias tentativas para a ressuscitar tal não parece ter sido possível e em julho de 1935 é comprada pela empresa que em 1939 se constituiria em sociedade por quotas com o capital social de 1.530.000$00 com a denominação de Fábrica de Papel do Almonda, Lda. sendo gerente e sócio maioritário José Pedro do Coito Tavares (1900-1957) com origem em Cardigos, concelho de Mação.

Até finais da década de 50 dedicou-se à produção de papel de embalagem, escrita e impressão, porém em 1961 passou a produzir quase exclusivamente produtos de papel de uso domestico e sanitário. Contava em 2021 com cerca de 620 colaboradores diretos, suportando duas unidades industriais e centro logístico em Portugal – Torres Novas, e uma terceira unidade produtiva em Saint-Yorre, França.

 

Recursos consultados:

LOPES, João Carlos – O Moinho da Fonte e a indústria do papel em Torres Novas [Renova]. Torres Novas, Âmago da Questão, 2022

PORTELA, Miguel – Laços Familiares de mestres papeleiros genoveses no Portugal oitocentista. Estudo genealógico das famílias Gambino e Testa in Actas do XII Congreso Internacional Historia del Papel en la Península Ibérica. Asociación Hispánica de Historiadores del Papel/Câmara Municipal de Santa Maria da Feira. Santa Maria da Feira, 20-30 junho 2017. Tomo II, pp.97-123

ROCHA, Francisco Canais – Torres Novas nos primórdios da industrialização: séculos XVIII-XIX. in Nova Augusta, n.º5, 1991. pp.33-43

RENOVA, Quem somos in https://myrenova.com/pt/pt/about-us.html?gclid=Cj0KCQjw8O-VBhCpARIsACMvVLPWTe73uKkXD5vKiK9iGb6i4ynNt022T-UxWy2cnWOQa6huLsTtTbYaApUgEALw_wcB [acedido em 29-06-2022]

 

 

 

 

 

Esta notícia foi publicada em 29 de Junho de 2022 e foi arquivada em: Documento em Destaque.