Doçaria Conventual – Convento da Graça de Abrantes | Arquivo Distrital de Santarém
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27 de Novembro de 2020

Doçaria Conventual – Convento da Graça de Abrantes

Os livros de receita e despesa dos conventos são uma importante fonte documental para História Económica, mas também para estudos de História de Arte sendo possível datar a aquisição de determinados bens, o início e duração de determinadas obras, bem como documentar os custos das mesmas e, por vezes, o nome dos indivíduos que as fizeram. Conseguimos perceber os circuitos comerciais, pormenores da gestão patrimonial, as causas judiciais em curso, as eleições da abadessa (paga-se o Breve), a morte das religiosas (paga-se a quem fez a cova), etc., etc.

Quando a menção da despesa tem algum pormenor, como é o caso do Convento da Graça de Abrantes, é possível perceber a dieta praticada.

Pautada, como seria de esperar, pelos produtos da época, na dieta das freiras de Abrantes não faltavam também o queijo (queijos brancos, queijos de ovelha, queijos do Alentejo, queijo flamengo) e por vezes a manteiga e o leite.

Comprava-se bastante peixe: bacalhau, sável, sardinhas, pescada, atum e até moluscos (ameijoas e mexilhões) e carnes variadas: vaca, porco, peru, frango, galinha (para caldo de doentes) e leitões, alguns legumes: nabos, bredos e beldroegas, vagens, abóbora, tomate e castanhas, fruta: laranjas, ameixas, figos, cerejas, ginjas, peras, maçãs, marmelos, passas, nomeadamente de figo e castanha da Índia, e grandes quantidades de arroz, para usos diversos e em especial para o arroz de nabos e de repolho e para o célebre arroz doce ou arroz de leite, como também era chamado.

Para temperos, algumas especiarias e ervas aromáticas: pimenta, cravinho, canela, erva doce, açafrão, cominhos, pimenta, segurelha.

Não podiam faltar os ovos. Eles faziam parte da ementa de muitas ceias de dias santos, mas sobretudo para fazer os doces.

Para os doces, para além do açúcar, ovos, leite, manteiga e algumas especiarias já referidos, ainda o mel, açúcar, amêndoa e os adubos (fermento?).

Neste livro são referidos os seguintes doces:

Arroz de leite

Caldo de grãos

Tigelada

Pinçada

Covilhetes

Pão de Calo

Bolos Pretos

Filhoses

Morcelas [doces]

Bolos falhados

Biscoitos

Ovos moles

Talhadas de Portel

Marmelada

No documento que hoje publicamos estão em evidência as filhoses, os bolos pretos e o caldo de grãos que as freiras faziam habitualmente entre o dia de Nossa Senhora da Conceição e o Natal.

Nota: Para a receita dos covilhetes, tigeladas e talhadas do Convento da Graça de Abrantes veja-se SILVA, Joaquim Candeia da – Receitas conventuais: doçaria antiga do Convento da Graça (Abrantes), Zahara, n.º23 (julho 2014). pp.3-10.

 

PT/ADSTR/MNSGA (em tratamento)
Arquivo Distrital de Santarém, Mosteiro de Nossa Senhora da Graça de Abrantes, Gasto, 1786/1795 (cota: M/68)

 

 

Esta notícia foi publicada em 27 de Novembro de 2020 e foi arquivada em: Documento em Destaque.